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Brasil: 100 dias do Governo Lula a serviço do capitalismo

 

 

Luiz Inácio Lula da Silva, conhecido como Lula, festejou seus primeiros 100 dias como presidente do Brasil com uma viagem à China, acompanhado por uma centena de capitalistas: reconectando-se com esse País, ele foi, acima de tudo, defender os interesses do capitalismo brasileiro, sendo a China o principal sócio econômico do Brasil, à frente dos Estados Unidos.

A eleição de Lula para um terceiro mandato como presidente obviamente gerou entusiasmo entre seus apoiadores no PT (Partido dos Trabalhadores); também foi saudada pelas forças de esquerda e de extrema esquerda na América Latina e no resto do mundo como uma grande vitória para os trabalhadores brasileiros e para a esquerda em todo o mundo e até mesmo um encorajamento para os trabalhadores em outros países. No entanto, não é necessário ser um gênio para entender que essa "vitória histórica" da "democracia" sobre o "fascista" Bolsonaro, o presidente em fim de mandato, foi uma vitória bastante relativa: Lula venceu por uma margem muito estreita (50,9% dos votos contra 49,1%): nas eleições parlamentares realizadas ao mesmo tempo, foram os "bolsonaristas" que venceram com 16,5% dos votos (99 deputados), enquanto a coalizão eleitoral em torno do PT obteve pouco menos de 14% (80 deputados). O mesmo se aplica às eleições para senadores e governadores.

Mas, acima de tudo, era certo que a conquista do poder por Lula não beneficiaria os proletários; ele havia optado por Alckmin, uma personalidade política de classe média alta, um católico reacionário, ligado aos setores financeiros, como vice-presidente. Essa seleção não dependeu do acaso; Lula só conseguiu vencer porque conseguiu convencer os círculos capitalistas mais influentes, desapontados com o mandato de Bolsonaro, de que ele era o mais capaz de defender seus interesses e os do capitalismo brasileiro em geral, tanto nacional quanto internacionalmente. Ele multiplicou seus esforços favorável o setor agroindustrial (oposição à ocupação de terras por camponeses sem-terra, etc.) (1), que é um dos mais fortes apoiadores de Bolsonaro, os círculos religiosos (em particular contra o aborto e qualquer mudança na lei que o proíbe) e o exército. Os tumultos de 8 de janeiro, quando os grupos de apoiadores de extrema direita do ex-presidente invadiram vários edifícios oficiais na capital Brasília com a cumplicidade de algumas forças policiais, mostraram, se fosse necessário, que a burguesia em seu conjunto e as instituições do Estado não veem uma ameaça na acesa de Lula à presidência; até mesmo os bolsonaristas eleitos condenaram, em grande parte, esses tumultos no estilo Trump.

Lula tinha grande apoio nos círculos populares graças às medidas sociais tomadas durante seus mandatos anteriores, medidas que Bolsonaro removeu ou reduziu por causa de seu custo para as finanças públicas. Essas medidas concedidas às massas pobres eram, na verdade, apenas migalhas do boom econômico da época; a condição econômica do Brasil hoje é muito diferente: em uma situação de crise internacional, Lula se comprometeu com os círculos financeiros a despender o mínimo possível no setor social; seu governo, sem dúvida, restaurou o "bolsa família" ( subsídios familiares, especialmente para filhos menores de 6 anos) para quase 22 milhões de famílias e aumentou o salário mínimo. Mas essas medidas são pouco mais do que poeira nos olhos: o salário mínimo foi aumentado em 1,3%, enquanto a inflação está oficialmente em 6% e os subsídios familiares de cem dólares não serão capazes de fazer frente ao índice de pobreza que explodiu durante a epidemia de Covid-19 (50 milhões de pessoas vivem com menos de US$ 2 por dia), fazendo reaparecer o espectro da fome: mais de 33 milhões de pessoas não teriam o suficiente para comer e 59% da população não se alimentaria regularmente!

O governo Lula reagiu a essa situação... refundando o CONSEA (Conselho Nacional de Soberania Alimentar e Nutricional), um órgão consultivo encarregado de monitorar a questão... Além disso, o governo se recusou a desfazer as "reformas" antitrabalhistas e antissociais do código do trabalho e da previdência social aprovadas por Bolsonaro.

 

NEM BOLSONARO NEM LULA!

 

Os proletários brasileiros não podem, portanto, esperar nada de Lula e de seu governo, porque eles estão a serviço dos capitalistas - os dois ministros "esquerdistas" do Partido Comunista (PC do B) e do PSOL (Partido Socialismo e Liberdade, ao qual pertencem várias correntes trotskistas) foram colocados lá apenas para tentar esconder a orientação totalmente pró-capitalista desse governo. Também não se pode esperar nada de sindicatos colaboracionistas como a CUT, ligada ao governo, que sabotou uma greve selvagem de mais de 4.000 trabalhadores de manutenção na fábrica da Petrobras em Canoas.

Nas inevitáveis lutas que os aguardam, os proletários também deverão tomar distância de todos os falsos amigos que os chamaram para apoiar Lula, em nome da luta contra Bolsonaro, e que ainda tentarão enganá-los amanhã. Com base em suas tradições de luta, eles terão que encontrar o caminho da luta de classes independente contra os capitalistas e seus governos que, independentemente da coloração política, administram o estado burguês que deve também ser derrubado. Isso não pode acontecer repentinamente; a despeito das muitas dificuldades a serem superadas nesse caminho, não há outra alternativa.

 


 

(1) Em 30 de março, seu Ministro da Agricultura, Carlos Favaro (um empresário de agronegócio), condenou as recentes ocupações de terras pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Sem Terra, ligado ao PT), declarando-as atos "abomináveis".

 

20 Abril 2023

 

 

Partido Comunista Internacional

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